Depoimento

Ao abrir este livro e folhar as páginas e capítulos, estaremos descortinando vidas em suas buscas incessantes do amor, em uma caminhada que tem como companheiras a solidão, tristezas, angustias e medos, mas que ficam suavizadas no encontro de corações apaixonados e com a força deste amor, superam barreiras, regras e ausências de si mesmos.

O autor com muita sensibilidade descreve esta trajetória com riqueza de detalhes e que me levou a uma reflexão do sentimento chamado amor.

Não existem tempos e nem marcas no rosto e menos ainda importam as dores de sonhos desfeitos ou preconceitos, é um sentimento nascente, que puro reside bem dentro do peito, e renasce a cada manhã.

Faço um convite para adentrarmos neste apartamento e descobrirmos juntos toda à emoção desta história.


Boa leitura!


Rosmar Zontta
(Escritor)

4 de jun. de 2011

Sair ou não do armário???

Geração passada ou medo do futuro?

É incrível o número de homens que viveram e vivem até hoje no “armário”, mesmo hoje o homossexualismo ter ganhado tanto espaço e a banalização não ser mais a mesma, por que não “sair do armário”? Por que viver uma vida completamente diferente da que se quer viver? Por que reprimir o que se sente?
Conversei com três pessoas num papo descontraído para poder ver por outro ângulo o que faz essa repressão de tanto desejo por alguém do mesmo sexo.
Perfil dos entrevistados:
• Ricardo, 40 anos, arquiteto, recém separado da esposa após casamento de 13 anos, 2 filhos adolescentes, viveu alguns romances e aventuras com outros caras;
• Augusto, 43 anos, engenheiro, casado há 16 anos, sem filhos, vive um namoro de mais de 17 anos com o mesmo parceiro, mesmo tendo casado;
• Willian, 44 anos, gerente, casado há 15 anos, 1 filha adolescente, nunca teve um relacionamento fora do casamento, apenas encontros ao acaso.
Os entrevistados são resolvidos em suas vidas em quase tudo, menos na sexualidade, ou melhor, no amor. Os perguntei o porquê de terem casado, obtive quase como um consenso a mesma resposta – Augusto: “a sociedade cobrava, a família já estava olhando de forma estranha, gosto da minha esposa”. Bem, o fato de gostarem de suas esposas não quer dizer nada, que sejam amigas, pessoas importantes de certo momento da vida. Se eles tiveram filhos, ótimo, se estão realizados nesse fundamento, se isso o tornam completos, excelente, mas viver de faz de contas, ou pior, está casado e viver romances às escondidas, ao acaso com um ou com outro, na iminência de nesses lances arriscados noturnos levar algo pra casa, não acho justo com elas, as esposas.
Perguntei a eles se já tiveram alguém que os fizesse jogar tudo para cima para viver um grande amor, todos disseram que sim. Sabemos como é isso, um vulcão a ponto de entrar em erupção, qualquer caricia para essas pessoas é um estopim para explodir. Apenas Ricardo um dos entrevistados o fez, mesmo tendo filhos e ainda morando com a esposa, por conveniência, ele tem um novo amor e se sente realizado e feliz e pediu a separação. Confessou-me que foi a melhor decisão da vida dele e não vê a hora de ir morar junto com seu namorado. “Chega de mentiras, quero viver minha vida em paz, sem cobranças, pois a maior cobrança que eu estava tendo era eu mesmo para mudar a minha vida. Hoje sou outra pessoa”.
Augusto teve um namorado desde o final da adolescência onde curtiram muito, foram felizes e numa briga normal que há entre casais veio a imposição da sociedade, da família e acabou casando, porem voltou com o namorado tempo depois e viveu anos com essa dupla realidade. Questionei a ele por que não teve coragem de enfrentar tudo e ser feliz com quem realmente ele amava, ele me disse que na época era difícil pela incerteza do parceiro, isso o deixou com medo do futuro, para não “ofender seus pais” e que acabou gostando da esposa e que até hoje se sente bem com ela. Então o perguntei, então por que continuaram por tanto tempo o relacionamento? A pergunta saiu no passado, pois atualmente eles não estão juntos, e soa uma mágoa do passado em suas palavras. Ele respondeu não saber explicar o que sentia ou sente por esse amor do passo, só que era um sentimento muito mais forte e que não sabia como controlar. Como assim? Eu o perguntei. Ele respondeu que atualmente está encantado por alguém e que dessa vez, diferente da outra, ambos estão na mesma condição, ambos são casados e estão vivendo esse romance proibido – “sei que o que estou fazendo é errado, mas é mais forte do que eu”.
Willian me falou, de forma eufórica, o que o contato com outro homem o causa, ele disse - “é algo que não sei explicar, me domina, sei que é errado, mas é muito bom e eu quero muito e muito mais”. Ele é casado, aparentemente não tem problema com a vida dupla, e quando perguntado se escolheria apenas uma vida (com homem ou com mulher) coçou a cabeça e não soube o que responder.
Esses e outros são exemplos típicos de homens que vivem no “armário”. Uma vida de desejos, de olhares perdidos, de medo, de incertezas, de culpa.
Não há culpa de ser homossexual, apenas se nasce assim, ninguém escolhe, a culpa é a condição de como se vive o fato, envolver alguém, machucar sentimentos de outras pessoas. O triste nos casos relatados foi ver os olhares de alguns deles sempre buscando outro olhar, homens que passavam próximo. Um olhar de desejo pelo sexo, de um carinho diferente.
Sei que há os que não estão nem aí para o romantismo, que o sexo é o que interessa e problemas dessa natureza não impera em suas mentes. Esses conseguem viver em uma vida dupla numa boa.
A geração dos novos homossexuais apesar de enfrentarem os mesmos problemas com a sociedade e família, encara de forma mais agressiva, não deixando que os outros imponham uma condição que não faz parte de sua natureza. Para as gerações anteriores ou atuais saibam, a geração do tempo que vivemos somos nós que a construímos, sei que pode parecer fácil dizer e difícil fazer, mas senão dermos o primeiro passo o segundo será muito mais difícil.
Sexo fácil tem aos montes por ai, basta freqüentar saunas, cinemas pornôs na região central que se percebe os olhares famintos pelo sexo, homens casados que falam em suas casas que irão para o futebol ou encontrar com amigos e vão saciar o “desejo animal” sedento pelo sexo. Mas e após aquele momento de excitação, como ficam suas cabeças com os pensamentos remoendo de vergonha, de querer mais e de tantas outras coisas.
Pensem nisso, vivam a liberdade que a vida lhes oferece, a vida é linda e curta. Aproveitem com intensidade e sejam felizes da melhor forma possível, sejam completos em suas felicidades, pois ela é a única coisa boa da vida.